Ucrânia veta a entrega de gás russo à Eslováquia após disputa diplomática
Na segunda-feira, 7 de outubro, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, anunciou que seu país não renovará o contrato que permite o trânsito de gás natural russo com destino à Eslováquia. A decisão, que afeta diretamente o abastecimento de energia eslovaco, foi tomada após declarações do primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, de que ele não apoiaria a entrada da Ucrânia na OTAN.
Shmyhal explicou que a medida não visa punir a Eslováquia, mas privar o governo russo dos lucros obtidos com a venda de hidrocarbonetos, uma importante fonte de financiamento da guerra na Ucrânia. “Apelamos a todos os países europeus para que abandonem completamente o petróleo e o gás da Rússia”, afirmou o líder ucraniano. A decisão coloca o governo eslovaco em uma posição difícil, já que a dependência energética do país em relação ao gás russo é significativa.
Fim do acordo e busca por alternativas energéticas
O contrato que regula o trânsito de gás russo pelo território ucraniano vence no final de 2023, e Shmyhal deixou claro que não haverá renovação. Sem o fornecimento de gás da Rússia, a Eslováquia precisará buscar alternativas para garantir seu abastecimento energético. O premiê ucraniano sugeriu que a diversificação das fontes de energia é a solução para mitigar os impactos dessa interrupção, destacando que outros países europeus já estão se movendo nessa direção.
Enquanto a Eslováquia enfrenta o desafio de se adaptar à nova realidade, o veto ucraniano faz parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer a economia russa, que depende fortemente das exportações de petróleo e gás. Essa abordagem segue a linha de sanções aplicadas por vários países ocidentais em resposta à invasão da Ucrânia.
Tensões crescentes entre Ucrânia e Eslováquia
Apesar do acordo assinado entre os dois países para cooperação em setores como educação e inovação, as tensões entre a Ucrânia e a Eslováquia aumentaram recentemente. A posição do primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, que se opõe fortemente à entrada da Ucrânia na OTAN, é um dos pontos de maior atrito. Fico afirmou que, mesmo após o fim da guerra, usará seu poder de veto para impedir que a Ucrânia ingresse na aliança militar, uma promessa que ele já vinha fazendo durante sua campanha eleitoral.
Essa postura é um reflexo da inclinação pró-Kremlin do governo eslovaco, que tem questionado as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia e criticado o apoio militar da OTAN à Ucrânia. Fico chegou a atribuir parte da responsabilidade pela guerra ao Ocidente e a Kiev, e não apenas a Moscou. Durante a campanha que o levou de volta ao poder, ele também defendeu a suspensão do envio de armas para a Ucrânia.
Impactos regionais e na geopolítica europeia
A decisão da Ucrânia de interromper o trânsito de gás russo pelo seu território coloca a Eslováquia em uma situação delicada. O país, que depende fortemente do gás russo, agora precisará agir rapidamente para evitar uma crise energética. No entanto, essa ação de Kiev também é um recado claro à Europa: os laços econômicos com a Rússia precisam ser rompidos de forma mais contundente, mesmo que isso signifique dificuldades no curto prazo.
Por outro lado, a decisão também amplia as diferenças entre os países europeus quanto ao enfrentamento da guerra na Ucrânia. Embora muitos países da União Europeia (UE) tenham adotado medidas severas contra a Rússia, países como a Eslováquia, sob a liderança de Fico, continuam relutantes em seguir esse caminho de forma mais assertiva. Isso cria um cenário de fragmentação nas políticas europeias em relação ao conflito, dificultando a criação de uma frente unida.
Resumo: Ucrânia veta a entrega de gás russo à Eslováquia
Ucrânia veta a entrega de gás russo à Eslováquia, marcando um novo capítulo nas tensões diplomáticas entre os dois países e na guerra econômica contra a Rússia. Enquanto Kiev busca privar o Kremlin de lucros com hidrocarbonetos, a Eslováquia precisará encontrar soluções rápidas para garantir seu abastecimento de energia. Ao mesmo tempo, as divergências sobre o futuro da Ucrânia na OTAN continuam a aumentar, destacando a complexidade geopolítica que o conflito gera na Europa. A decisão de não renovar o contrato de gás russo demonstra que as repercussões da guerra vão muito além dos campos de batalha, afetando profundamente as relações econômicas e políticas da região.